quinta-feira, 27 de outubro de 2016

As bibliotecas são como aeroportos. São lugares de viagem. Entramos numa biblioteca como quem está a ponto de partir. E nada é pequeno quando tem uma biblioteca. O mundo inteiro pode ser convocado à força dos seus livros.(...)(Valter Hugo Mãe)



      Este ano a RBE (Rede de Bibliotecas Escolares) comemora 20 anos. Outubro é o Mês Internacional das Bibliotecas Escolares e o passado dia 24 foi o dia da Biblioteca Escolar.

      O tema escolhido deste ano é: "Aprende a Descodificar o teu Mundo".
      Se cá vieres poderás ver estes cartazes na entrada da BE:
















    Para oferecer aos alunos e para comemorar a ocasião, fizemos marcadores de livros que desapareceram num ápice!


















        É com alegria que podemos dizer que os nossos alunos estão a aderir com entusiamo às atividades propostas pela BE e a frequentar o espaço com mais assiduidade, não só para passar o tempo com os jogos de tabuleiro, por exemplo, mas principalmente, para estudar, fazer trabalhos e requisitar livros, não só de leitura obrigatória. Alguns alunos são apenas curiosos e querem ver as novidades e o que está a acontecer de novo!
        Tudo isso dos dá a motivação para continuar a trabalhar e a investir neste espaço e em tudo o que representa.
        Neste seguimento, partilho um artigo de Valter Hugo Mãe sobre bibliotecas que achei muito interessante.




As bibliotecas são como aeroportos. São lugares de viagem. Entramos numa biblioteca como quem  está a ponto de partir. E nada é pequeno quando tem uma biblioteca. O mundo inteiro pode ser convocado à força dos seus livros.
Todas as coisas do mundo podem ser chamadas a comparecer à força das palavras, para existirem diante de nós como matéria da imaginação. As bibliotecas são do tamanho do infinito e sabem toda a maravilha.
Os livros são família direta dos aviões, dos tapetes-voadores ou dos pássaros. Os livros são da família das nuvens e, como elas, sabem tornar-se invisíveis enquanto pairam, como se  entrassem para dentro do próprio ar, a ver o que existe dentro do ar que não se vê.
O leitor entra com o livro para dentro do ar que não se vê.
Com um pequeno sopro, o leitor muda para o outro lado do mundo ou para outro mundo, do avesso da realidade até ao avesso do tempo. Fora de tudo, fora da biblioteca. As bibliotecas não se importam que os leitores se sintam fora das
das bibliotecas.
Os livros são toupeiras, são minhocas, eles são troncos caídos, maduros de uma longevidade inteira, os livros escutam e falam ininterruptamente. São estações do ano, dos anos todos, desde o princípio do mundo e já do fim do mundo. Os livros esticam e tapam furos na cabeça. Eles sabem chover e fazer escuro, casam filhos e coram, choram, imaginam que mais tarde voltam ao início, a serem como crianças. Os livros têm crianças ao dependuro e giram como carrosséis para as ouvir rir. Os livros têm olhos para todos os lados e bisbilhotam o cima e baixo, o esquerda e direita de cada coisa ou coisa nenhuma. Nem pestanejam de tanta curiosidade. Querem ver e contar. Os livros é que contam.
As bibliotecas só aparentemente são casas sossegadas. O sossego das bibliotecas é a ingenuidade dos incautos. Porque elas são como festas ou batalhas contínuas e soam trombetas a cada instante e há sempre quem discuta com fervor o futuro, quem exija o futuro e seja destemido, merecedor da nossa confiança e da nossa fé.
Adianta pouco manter os livros de capas fechadas. Eles têm memória absoluta. Vão saber esperar até que alguém os abra.
Até que alguém se encoraje, esfaime, amadureça, reclame direito de seguir maior viagem. E vão oferecer tudo, uma e outra vez, generosos e abundantes. Os livros oferecem o que são, o que sabem, uma e outra vez, sem refilarem, sem se aborrecerem de encontrar infinitamente pessoas novas. Os livros gostam de pessoas que nunca pegaram neles, porque têm surpresas para elas e divertem-se a surpreender. Os livros divertem-se.
As pessoas que se tornam leitoras ficam logo mais espertas, até andam três centímetros mais altas, que é efeito de um orgulho saudável de estarem a fazer a coisa certa. Ler livros é uma coisa muito certa. As pessoas percebem isso imediatamente. E os livros não têm vertigens. Eles gostam de pessoas baixas e gostam de pessoas que ficam mais altas.
Depois da leitura de muitos livros pode ficar-se com uma inteligência admirável e a cabeça acende como se tivesse uma lâmpada dentro. É muito engraçado. Às vezes, os leitores são tão obstinados com a leitura que nem acendem a luz. Ficam com o livro perto do nariz a correr as linhas muito lentamente para serem capazes de ler. Os leitores mesmo inteligentes aprendem a ler tudo. Leem claramente o humor dos outros, a ansiedade, conseguem ler as tempestades e o silêncio, mesmo que seja um silêncio muito baixinho. Os melhores leitores, um dia, até aprendem a escrever. Aprendem a escrever livros. São como pessoas com palavras por fruto, como as árvores que dão maçãs ou laranjas. Dão palavras que fazem sentido e contam coisas às outras pessoas. Já vi gente a sair de dentro dos livros. Gente atarefada até com mudar o mundo. Saem das palavras e vestem-se à pressa com roupas diversas e vão porta fora a explicar descobertas importantes. Muita gente que vive dentro dos livros tem assuntos importantes para tratar. Precisamos de estar sempre atentos. Às vezes, compete-nos dar despacho. Sim, compete-nos pôr mãos ao trabalho. Mas sem medo. O trabalho que temos pela escola dos livros é normalmente um modo de ficarmos felizes.
Este texto é um abraço especial à biblioteca da escola Frei João, de Vila do Conde, e à biblioteca do Centro Escolar de Barqueiros, concelho de Barcelos. As pessoas que ali leem livros saberão porquê. Não deixa também de ser um abraço a todas as demais bibliotecas e bibliotecários, na esperança de que nada nos convença de que a ignorância ou o fim da fantasia e do sonho são o melhor para nós e para os nossos. Ler é esperar por melhor.


Jornal de Letras, 2013

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

 “OS FANTÁSTICOS LIVROS VOADORES DO SR. MORRIS LESSMORE”







O filme “Os fantásticos livros voadores do Sr. Morris Lessmore” foi contemplado com Oscar de melhor curta-metragem de animação em 2012. Willian Joyce e Brandon Oldenburg, ambos americanos, são os diretores do filme e confessam que a obra foi inspirada no ator e diretor Buster Keaton, em algumas cenas do filme “O mágico de Oz”, e também, no furacão Katrina que devastou Nova Orleans em 2005.
            Lessmore está sentado na varanda de sua casa, escrevendo um livro. Quando, de repente um vento muito forte leva-o juntamente com toda a cidade para um lugar extremamente diferente, com uma mulher suspensa no ar por livros voadores. A cena inusitada deixa o homem embaraçado. É então, que um livro voa na direção de Lessmore e o conduz até uma biblioteca repleta de livros com vida.
          O protagonista passa a cuidar desta misteriosa casa e das obras que ela contém. As pessoas que passam por lá são contagiadas pela magia das histórias. Lessmore que encontra um mundo perfeito vai vivendo a emoção e a pureza de seus novos amigos, enquanto termina sua própria biografia.
            O filme relata de forma leve e emocionante a história de pessoas que são apaixonadas por livros, e o poder curativo que essas obras possuem, podendo transformar a vida de seres humanos. Mostrando que de certa forma, tudo fica mais colorido e bonito com as palavras.
          Enquanto assistimos, podemos viajar por outras dimensões, por outro mundo. De sonhos, de fantasias e da mágica presente nessa grande invenção humana. É algo que nos leva para outras realidades e que nos remete a uma reflexão sobre o que é ser leitor. De forma dinâmica é capaz de instigar os mais diferentes públicos.
                                                                                                                             Ana Elizabeth Fornara
Abre o link e vê o filme!
https://www.youtube.com/watch?v=LjkdEvMM5xs

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

"A literatura nunca é vida, nem brota verdadeiramente de uma semente. É sempre um artifício. Mas quero que pareça um texto vivo e vibrante." (Valter Hugo Mãe)

     Homens imprudentemente poéticos chegou à livrarias no passado dia 3 de outubro e é uma homenagem ao Japão, país que povoou o imaginário de Valter Hugo Mãe desde a sua infância.


     Assinalam-se também os 20 anos de vida literária do escritor, entre a poesia, a narrativa, a crónica, o teatro e os livros infanto-juvenis.
     O percurso do escritor de 45 anos, já distinguido com prémios como o José Saramago e o brasileiro PT de Literatura foi celebrado a 2 de outubro na Casa da Música, no Porto e a 8 no Teatro S. Luiz, em Lisboa.





   "Diz-se um escritor português com a cabeça emigrada. E, na verdade, a sua ficção mais recente tem encontrado em outras culturas a semente para continuar a florescer. Depois de um mergulho na cultura islandesa, que resultou em A Desumanização, Valter Hugo Mâe afasta-se ainda mais da portugalidade, aportando quase nos antípodas. Nos últimos anos cumpriu um dos seus sonhos, conhecer o Japão, país que alimentou a fantasia das tardes da sua infância, desde o momento em que, pela televisão, descobriu velhos contos e histórias de contornos radicalmente diferentes do que estava habituado a ouvir. Hoje, como ontem, deixou.-se seduzir pela atração dos opostos que marca a cultura japonesa, cheia de delicadezas e honras, assim como de brutalidade e descontrolo.
    Com essa massa indefinível moldou as personagens de Homens imprudentemente poéticos: o artesão Itaro. o oleiro Saburo, a menina Matsu e a criada Kame, entre outras. Homens e mulheres que, num tempo de gestualidade, lidam com a força da arte, na busca de um sublime que refaça o sentido do quotidiano. Uma obra que demanda a mesma imaterialidade que o escritor, ao fim de 20 anos de percurso literário, quer para si e para a sua obra. O poema, como diz o verso de Luíza Neto Jorge, ensina a cair. A Valter Hugo Mãe a literatura ensinou também a proteger-se de um mundo tantas vezes contraditório e hostil." (retirado de Jornal de Letras)

   A Porto Editora, promotora desta celebração, promete a reedição de algumas das obras de Valter Hugo Mãe.





domingo, 2 de outubro de 2016

"Uma criança, uma professora, uma caneta e um livro podem mudar o mundo." (Malala Yousafzai, 17 anos, Nobel Paz)

No passado dia 21 de setembro comemoramos o Dia Internacional da Paz.

O Tema deste ano foi: "Construindo blocos para a paz!"



Pensamos então na construção de pequenos blocos decorados pelos nossos alunos que foram aparecendo na nossa BE durante este dia tão importante para a humanidade!

A verdade é que os alunos, principalmente dos quintos e sextos anos, aderiram com interesse a esta atividade e no final do dia construímos uma pequena mas simbolicamente "enorme" pirâmide de cubos!




"Um livro pode ser nosso sem nos pertencer. Só um livro lido nos pertence realmente".( Eno T. Wanke )

Estamos de volta!

Este ano letivo de 2016/17 já começou muito trabalhoso mas estamos com muita garra e vontade de iniciar novas leituras e fazer parte de novas atividades!




Este é nosso cartaz de Boas Vindas aos nossos alunos e restante Comunidade Educativa!

Vem visitar a Nossa BE!!